domingo, 29 de novembro de 2009

Em pátria estrangeira

A bola que na rede parou
O pião que nunca mais girou
São lembranças da infância
Que o avião levou

Longe da minha terra
Penso em tudo o que lá ficou
Tem família, tem amigos
E a mulher que me amou

Neste chão estrangeiro
Não sei o que dizer
O que falo não entende
Estou em desespero

Preso pelos deveres da pátria
Daqui não me posso ir,
Entre granadas e canhões
Hinos do país e velhas canções

Só me resta uma saída
A de dormir e sonhar
Sonhar com a casa que deixei
E com quem lá está

sábado, 22 de agosto de 2009

Amor de porta-retrato

O porta-retrato, traz o passado
E as emoções que senti
Me faz viajar um bocado
Os amores que já vivi

A estampa dos olhos que amei
Sei que estão ali
Atenho-me ao momento que fotografei
Aquela menina de vista eu perdi

O riso conservado
Fica na cama, ao lado
Sempre que desperto
- Bom dia! Diz-me o olhar vidrado

O retrato ali portado
É velho e o momento é passado
Saudade dessa senhora
Que não está mais ao meu lado

Ilustração do post: estygia

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O sonhar do sono

O sonho do sono
que sonha em sonhar
um lugar mais alto
lá não está...

quem sabe onde está?
na pétala da flor?
na luz do luar...
ou no fundo mar?

Lugar escuro e calmo
uma surda imensidão
uma sereia na lupa
uma vontade na mão

O sono que mergulha
sempre em busca de sonhar
vê na calma e mansidão
um lugar para estar


Ilustração por: lestoilesdaz

domingo, 16 de agosto de 2009

Outros Ares

Hoje eu tenho menos pressa e mais prece
Os ponteiros do relógio que antes eram vulto nos meus olhos
Agora passam, muito mais devagar
Ficam horas parados!

No mesmo lugar...
A janela que antes me mostrava a rua
Me revela  ruína e a dor de estar na calçada
Meus olhos fechados, já não vêem mais

Talvez seja a mudança dos meus horizontes
Mais curtos ou amplos, ainda não sei
Meus olhos agora querem o além
É ao invés de estar por cima,
Anseio conhecer o que está submerso

domingo, 19 de julho de 2009

O Soneto sem Compasso

O soneto sem compasso
Faz errar o passo.  O que faço?
Do mundo, me desnudo
Grito e ninguém ouve, mudo

A gritaria oriunda dos pensamentos
Tormentos na mente que mente
Que engana que afana a realidade
Faz surgir ilusões, ainda que pela metade

Na humildade de não ser ,
Um distinto ser
Deixo viver, quem vier
Deixo chamar , quem quer estar

Na ciranda de emoções
Coração,uma  toca de leões
Sentimentos soltos ao léu
Boca e palavras de fel

Do amargo da existência
Solidão da onisciência
Passos apertados
Movimentos encurralados

Quer agora romper correntes
O sangue quente, sente
Que ali há vida que sobrevive
Sorte! Levantar-se e escapar da morte

terça-feira, 14 de julho de 2009

O tempo do momento


O tempo do banho, da refeição
Pode ser o tempo do padre e seu sermão
Do poeta, da sua pena e papel na mão
Curto, intenso e cheio de imaginação

Solidão que outrora conforta
Hoje caminha junto a um escorpião
Que entra devagar pela porta
Curioso, intenso, buscando tradução

Papo avulso e descobertas
Que não faz esse menino?
Passa o dia tentando entrar
Forçando portas, pouco alerta

As feridas não estão mais abertas
É verdade, o tempo cura
Agora, é deixar os dias passarem
E viver noites de loucura

sexta-feira, 10 de julho de 2009

A verdade da caminhada

Sobre tudo a minha volta
Descobri que não importa
O número da porta que eu vá entrar
Pois, o que me incomoda
Não encontro aqui fora...

Mas, sinto que depois da porta
De uma vida sem paredes
Cheias de janelas
Onde posso ter
O aroma que quiser

Há lá dentro um jardim
Mil flores exalando
Jogando no ar o aroma
Que habita em mim

Esses diversos cheiros
Jogados como plumas ao ar
Deixam claro que
Sou como pássaro
Decido na hora onde vou pousar

Não importa a pena, a pétala ou a flor
Desse mundo, sei que sou aprendiz
Andarei muito sob sol, calor
E conseguirei com muita coragem, ardiz




segunda-feira, 6 de julho de 2009

Filho da Sociedade dos Poetas Mortos

Foi na infância que o conheci
Ele tinha sagacidade e sonhos
Lutava pela liberdade e
Muito mais pelos amigos

Corriam no breu
Na neblina camuflavam,
O coração disparado
Pelo amor a poesia

Entrando na caverna ás escuras
Com o restante da sociedade
Que por um professor
Todos fizeram parte

Argumentavam
Junto as paredes de pedra,
Sonhavam...
Poemas declamavam

Ali, Nuwanda nasceu
A prosa da juventude conheceu
A essência sugada
E sua vida dentro de nós eternizada.

* Para quem não sabe:
Nuwanda foi um personagem do filme A Sociedade dos Poetas Mortos.
O poema declamado pelo personagem é de Henry David Thoreau.

** Este foi foi originado do post:
http://sharreldevaneios.blogspot.com/2009/06/fui-floresta-porque-queria-viver.html

*** Momento do Jabá:
Cerda de 1 mês atrás apresentei esse filme a um amigo que adorou.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Cata o teu sonho

Fazemos parte de uma utopia
Vida vivida, mas por nós nada desejada
Essa vida por ninguém criada,
Nada tem de fantasia.

Tem aquele que se esquece
Não chega a lugar a nenhum
E por mais que o apresse
Até o gritam, mas como sempre
Ele sempre emudece.

O sentido da vida,
é vida sem sentido
Surdo para tudo
Nada por ele é refletido

Cego, não vê o chão
Pensa que sabe onde caminha
Solo, por ele não entendido
Vive em vão

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Perdida em lugar nenhum

Sinto que não sou daqui
Na verdade não sou de lugar nenhum
Lugar algum me acolheu
Nunca senti
Que apenas um,
Um pedacinho desse mundo
Fosse meu

E fico assim perdida
Perdida e sem prece
Pois não tem nada
Pelo menos por aqui,
Nada que me apresse

Pés na terra batida
Caminho
Curo minha ferida
Continuo andando
Sempre pensando
Que poderia ser diferente
Sim, diferente
Por que sei que sou gente

Tenho direito!
Meu lugar?
Não sei onde está...
E no dia que encontrar,
Saberei, finalmente
Saberei onde me achar.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Saudade

Sim, é uma despedida
Montei nas asas da saudade
Voei muito alto e para muito longe
Embora ainda esteja no mesmo lugar
Só que mais distante de você

Desde sempre foi assim
Procurando em cada canto
Fiz tanto que me perdi
Mas encontrei a saudade

Logo de ti
Que me fez respirar
E o fez, sem nenhum esforço
Esse tempo foi
É muito importante
Na minha lembrança

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Sonhar a própria essência

Sou a amante mais fervorosa da impossibilidade. A crédula mais fiel do inacreditável. E o coração mais sonhador que conheço e reconheço. Cada minuto do meu dia em que respiro os meus sonhos, sinto-me mais viva e com mais vontade de respirá-los. Impossíveis? São. Sabe aquelas estatística do 0,1 entre 1 milhão? Então! Meus sonhos se encaixam perfeitamente!

Claro, eu poderia mudar. Contudo, minha essência ficaria para trás. Aquilo que me faz sentir diferente de qualquer outro. O que me difere, o ritmo raro da música da minha vida ficaria no sótão do meu ser. Eu não quero isso.
Posso dizer que sonhos não realizados para outras pessoas são motivo de grande frustração. Para mim, são alimentos da imaginação. Não posso, não devo e não vou deixar de sonhá-los jamais. Choro por eles quantas vezes for. Até desisto de realizá-los.


Mas, deixar de sonhá-los, jamais.

Ouço muitas pessoas falarem sobre si mesmas. Dizem já ter feito centenas de auto- análises. Mas nenhumas delas sentiram o próprio interior. Não sentiram quem realmente eram. Não viram as próprias peculiaridades. Aquelas que só o nosso microscópio interior é capaz de ver.

Sei que é impossível alcançar a plenitude. Longe de mim querer ser um novo profeta deste século. E registro aqui, que a metade das loucuras que sonho, não são para serem realizadas. São apenas para serem sonhadas e fazerem com que meu coração bata cada vez mais forte e mais acelerado.


Deixar de sonhá-las, jamais.

Acordo  todas as  manhãs e vivo um dia cheio. Cheio de tudo. E dentre todos os acontecimentos, parar e lembro-me dos meus sonhos impossíveis. Sinto a textura, vejo a cor e os respiro a cada instante. Oxigeno meus pulmões com suas substâncias lúdicas e sonho que um dia podem ser reais.


Deixar de sonhá-los? Jamais.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

A trilha sonora da vida

Todos temos uma trilha sonora para a nossa vida. Igual as trilhas de novela, cada faixa do cd, correspondendo a determinado personagem. Quantos cd´s de música você já possui na estante da sua vida?

Minha mãe sempre me fala que quando eu nasci estava tocando “Como Eu Quero” do Kid Abelha. Quando eu era criança, minha trilha era toda as músicas da Cindy Lauper, sabe-se lá por que aquelas músicas alegravam a minha existência vespertina depois da escola. Na adolescência, que diga-se de passagem, um tanto rebelde, as músicas que saíam dos fones do meu walkman Aiwa (nossa, quanto tempo!),m eram do Guns, Legião Urbana e Vanessa Mae.

Conforme a vida foi passando e pessoas e momentos passaram junto, fui conhecendo outros ritmos, batidas e vozes que mexiam comigo. Hoje, quando ouço essas músicas que fizeram parte do meu passado, mas que ainda estão na bagagem do meu presente rumo ao futuro, vejo, atrelada a tantas outras coisas, que ajudaram a me tornar o que sou hoje. Se sou uma boa ou má pessoa? Não sei. Mas sou eu o que hoje em dia é muito difícil.

“ Well it's been a long time, long time now
Since I've seen you smile
And I'll gamble away my fright
And I'll gamble away my time
And in a year, a year or so
This will slip into the sea
Well it's been a long time, long time now
Since I've seen you smile

Nobody raise your voices
Just another night in Nantes
Nobody raise your voices
Just another night in Nantes “

*A música chama-se Nantes. A letra e informações sobre o autor se encontram no final do post.


Entretanto, o que mais chama a minha atenção é: ao escutar uma música, ter Déjà Vu das coisas que jamais aconteceram. Nantes do Beirut, é uma música que me traz essa curiosa sensação. Sempre que a ouço, sinto saudade de algo que nunca se realizou. Pelo menos, não quando eu estava de olhos abertos.

Nantes é uma composição de Zach Condon, líder da banda Beirut.Se você quiser conhecer é só ir neste blog “lado-e” que eles disponibilizam quase todos os cd’s da banda.



sexta-feira, 5 de junho de 2009

Uma palavra nova: solitude

Sempre aprendi na faculdade que quanto maior a interação entre os indivíduos mais comunicação é gerada. E dentre tantas interações acrescentei uma palavra nova no meu dicionário – solitude.

Na hora este verbete me foi definido como: “a capacidade de se estar só, mas mesmo assim bastar a si mesmo”. Nem preciso dizer que quando cheguei em casa a primeira coisa que fiz foi catar a bendita palavra no meu dicionário. Na minha procura toda hora me vinha à cabeça “estou sozinha sim, mas com solitude”, longe de mim descordar do sentimento de outrem sobre si mesmo. Eis que na minha caça à nova palavra vi que era sinônimo de solidão.

Solitude, solidão...

Agora vamos pensar, desde quando solidão é uma coisa boa. Então deixei o significado real da palavra para escanteio e pensei na definição que me deram. E aí veio mais uma parte da conversa na minha mente: “eu não preciso de ninguém, tenho solitude”. Sim, é uma coisa confusa e nada poética quando se sabe o real significado da palavra. Deixo claro, antes de concluir meu texto, que esse papo de universitárias divagando sobre seus sentimentos entre uma aula e outra é complicado de entender mesmo.

Quando fui argumentar, até a evolução de Darwin entrou no nosso papo. “As girafas tem seus pescoços maiores hoje do que foram algum dia. Isso aconteceu pela teoria da evolução, elas se adaptaram ao ambiente hostil em que viviam, você sabia disso?”. Pode parecer engraçado para quem está lendo, mas imaginem ouvir uma coisa dessas quando o assunto é do campo emocional! Imediatamente pensei: “não serei como as girafas, não vou modificar nada em mim simplesmente por que vivo em um ambiente hostil”. A conversa durou horas, e nela também pude perceber que o brilho no olhar de quem falava ia mudando (pra pior). Cada vez que era repetido: “tenho solitude” – o olhar ficava mais, como posso dizer, ranzinza.

E foi por essa percepção que decidi que não quero ter a tal de solitude com seu alter-significado. Se as girafas decidiram se modificar fisicamente, ótimo para elas. Prefiro escolher a solidão para mim. Não importa até quando vá a sua validade. Se eu, simples homo sapiens tenho validade, a solidão que é sentida por mim também terá! E, enquanto a vida útil dela durar, vou curtindo cada sensação por ela proporcionada, é só o que resta mesmo.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Paixão em palavras


Hoje, conversando por e-mail com um amigo muito querido, me foi feita a seguinte pergunta: “O que é estar apaixonada pra você?”.

Pronto! A minha ferida ficou exposta. De imediato, tirei meu time de campo. Não consegui resolver este difícil cálculo da minha matemática emocional. E confesso, não me esforcei para resolvê-lo, pois vivo com a paranóia: quanto menos falar sobre mim, menos conheceram a minha linha de raciocínio”.

Na minha ânsia de obter alguma resposta, devolvi a pergunta. E, sem nenhum problema me foi respondido: “é esquecer de si mesmo, se preocupar em fazer a outra pessoa mais feliz do que eu mesmo, é sentir a alegria e a dor quando ela sentir, é nos tornarmos uma só pessoa... etc”. Pasma, contra-ataquei: “Isso não é paixão é amor”. E cinco minutos depois, veio a resposta “amor que não tenha paixão, não é amor, nem paixão sem amor não é paixão !!!”.

Depois disso, pasma e sem a definição d a minha própria resposta decidi ir à faculdade. Fui e voltei de minha rotina acadêmica fazendo uma auto-análise do que seria estar apaixonada. Não que eu nunca tivesse me apaixonado por ninguém. Já me apaixonei. Mas, nunca pensei em descrever o que era estar nessa situação.

Depois de horas com meus neurônios em ebulição e sem nenhuma resposta concreta desisti de pensar. Nessa hora, me veio à mente que estava racionalizando demais uma questão puramente passional. Mudei de caminho. Parei de pensar. Apenas senti. Não, não descobri a resposta. Portanto, não tenho como escrevê-la aqui. Se é que há uma resposta certa.

Contudo, posso descrever o que senti e todas as minhas sensações. Foram vários sorrisos inconscientes, um coração batendo acelerado. Uma incrível vontade de estar junto e muitas preocupações com o bem-estar, e como e onde a pessoa estaria naquele momento. Articulei e imaginei, várias maneiras de fazê-lo feliz, de conquistá-lo e de estar perto dele.

Assim, passaram-se alguns minutos, até que entrando na minha realidade novamente, pude concluir que a paixão não é algo tão bom assim. Ela também é capaz de nos trazer tristeza. Pois, foi isso que senti quando pensei que não era eu a pessoa que ele desejava que estivesse ao seu lado.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O lado do sim e o lado do não. Qual é o certo de se estar?

Numa de minhas conversas por e-mail, ouvi (aliás, li): “não posso acabar agora, a pessoa depende muito de mim! Ficará muito magoada, vê em mim um porto seguro!”
Agora penso com meus botões: que porto seguro é esse, que pelo teor da conversa, está afundando?


Descobri com essa conversa, que assim como iniciar algo, terminar também é complicado. Laços, estratégicos ou não, são difíceis de serem desatados. E quando o são, geram grandes reviravoltas na vida. Dessa história em particular, vi o começo, andei pelo intermediário e agora anseio por um final. Sei que não será feliz para um de seus protagonistas. O Manoel Carlos com certeza não escreveria um final desse para uma de suas novelas. Afinal, um dos personagens principais, e que nem sequer é o antagonista, sairá numa situação desvantajosa.

A vida é assim: o equilíbrio impera, você pode estar bem em um âmbito de sua vida. Mas um dentre tantos outros existentes, estará uma bosta. É assim que se vive. Equilíbrio é a chave. Temos que aceitar e ir mudando conforme a maré nos traz as situações do nosso cotidiano. Já ouviram o dito popular: azar no jogo, sorte no amor. Eu sou franca em dizer que em certas situações, prefiro ter sorte no jogo e azar no amor. Precisamos de muita coisa para sermos quase completos. Digo “quase”, por que ser totalmente completo é impossível, a menos que estejamos mortos. A morte é o final de tudo, é quando nada mais podemos aprender e nem ensinar. Pronto, completude.

Eu danço conforme a música. Procuro vivenciar todas as faces da moeda. Em situações parecidas, já tive a chance de estar do lado do sim e do lado do não. Com isso fui dominando certos instintos e deixando que se criassem muitos outros em mim. Por isso acordo com uma Cristina diferente a cada manhã, meus valores não mudam. Entretanto, tenho agora diversas formas de ver, sentir e experimentar uma situação. A escolha de como isso será feito, depende de mim.

domingo, 31 de maio de 2009

A vida me transforma ou sou eu quem transforma a vida?

Refletindo sobre minhas aventuras cardíacas cheguei a uma conclusão: tenho sim, auto-sugestão. Já fiz, mais de mil vezes, tempestade em copo d’água. Continuo fazendo. É intrínseco a mim. Eu poderia esperar e construir através das informações que vem a mim com o tempo. Eu poderia fazer... Mas não faço.

Com enorme dificuldade analiso tudo o que construí. Mundos, pessoas, histórias, tudo está dentro de mim. Rimas perfeitas e tão certas, porém irrealizáveis quando tento colocá-las em prática. Minha mãe sempre me diz: “coloque seus pés no chão”. E quando tudo que era pra ser não foi, é que sinto o chão debaixo dos meus pés... Entretanto, não foi por que simplesmente não era para ser. Não foi por que nunca existiu nada que o fizesse ser.

Há sim, uma dose enorme de fantasia. Se não houver, respiro? Acho que não. Não digo com certeza porque nunca vivenciei uma situação sem antes imaginá-la, vivenciá-la dentro dos meus sentimentos, dentro da minha cabeça. A realidade que sempre me foge nos momentos, tanto primeiros como intermediários, vem à tona.
Quem é que não anseia para que tudo saia nos conformes. Pra que tudo seja como o planejado. Sem estratégia alguma, como se tudo dependesse apenas de nós mesmos, fixamos uma situação no nosso interior que na maioria das ocasiões não se realiza.

Isso me faz pensar que quando tudo se desenrola na mais perfeita sintonia, me incomoda profundamente. Quem é que não gosta de aventuras, desafios e motivos pra reclamar. Você consegue ficar mais de duas semanas, com uma vida perfeita? Reflita: “tudo na mais perfeita ordem e você não tem motivos para reclamar. Aquele sapato novo que você comprou, moldou-se perfeitamente aos seus pés”.

Quando não temos mais nada com o que nos preocuparmos, não encontramos motivos que nos façam acordar de manhã e ansiar por um dia melhor que o anterior. Perdemos-nos na inércia e em nada mais melhoramos. Acho que é por esse motivo que sou assim. Tenho um guarda-roupa de simulacros e máscaras para cada acontecimento. Como a verdade sempre aparece, tenho um trabalho a mais para me acostumar com ela e tentar melhorá-la. Pronto! E é ai que se passam os dias!

sábado, 30 de maio de 2009

Novamente no início

Nem sei como começar este texto. Acho que todo o início (não importa do quê), seja assim, difícil, complicado. Sobram objetivos e faltam as estratégias para dar o primeiro passo. Também pudera, o primeiro passo é o que define todo o andamento de uma situação e define, também, na maioria das vezes, o seu final.

Já iniciei muitas coisas na minha vida. Posso dizer prontamente que mais da metade delas nunca foram necessárias para a minha sobrevivência.  Mas quem disse que o ser humano não gosta de desafios e obstáculos?

Coisas que fazem nosso cérebro ferver são as nossas preferidas. Vamos não negue. Reflita antes de negar! E, é justamente neste ponto que quero chegar (Ufa! Foi difícil, entretanto conseguir chegar. Viram como o início é complicado!? E ainda dizem que tudo são flores...).

Tive sim, meus dias de paz. Claro, esses dias vieram, como posso dizer, depois de muita tempestade. Agora quero tempestade novamente! Cansei da rotina impecável. Meu coração cansou de ficar modorrento. Se eu tivesse como vender a minha vontade de ter alguém no mercado livre, no balcão, nos classificados do O Globo de domingo eu venderia, e por preço barato.

Gostaria de ter evoluído a ponto de me bastar. Mas não aconteceu. Consigo conviver comigo mesma, sou perfeita. Este é o problema. Preciso balançar. Preciso pensar em alguém, que não imagino o que está fazendo. Preciso desconfiar (nem que seja só um pouco).  Preciso da troca, de conhecimento, de sentimento e de carinho.

Não, não é imaturidade. É necessidade humana. Ninguém sobrevive ao calor intenso, assim também como não resiste ao frio. Não se pode estar só, não todo o tempo. E o meu tempo de solidão acabou. Agora a necessidade é encontrar alguém com o mesmo marcapasso que eu.